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5 de novembro de 2010

A aceleração informativa

Em 2006, o desenvolvedor de softwares norte-americano Jack Dorsey criou um novo meio de interação social: o Twitter. Desde lá, os interessados em novidades tiveram que abusar de sua criatividade e responder em apenas 140 caracteres à pergunta mais famosa da internet: "What’s happening?" (em português: "O que está acontecendo?"). Com o acelerado crescimento do número de usuários da web, grandes redes sociais, como o próprio Twitter, tornaram-se as principais responsáveis pela formação da chamada Web 2.0, através do conteúdo colaborativo dos internautas.

Segundo pesquisas do Instituto Sysomos, especializado em análises de redes sociais, o Brasil é o segundo país com maior número de twitteiros, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que são a metade dos milhões de usuários em todo o mundo. A quantidade de utilizadores tende a crescer mais a cada ano, visto que, ultimamente, o acesso às redes sociais tornou-se facilitado, graças ao progressivo avanço da internet. Por conta dessa popularidade, o site virou alvo de reportagens e pesquisas que têm como objetivo investigar o efeito que esse novo entretenimento virtual causa na sociedade.

Deixando de lado os números, fica a pergunta: como os usuários lidam com a responsabilidade de difundir ideias e, talvez, influenciar aqueles que têm acesso ao conteúdo? O intercâmbio rápido e facilitado de informações torna o Twitter interessante e, ao mesmo tempo, perigoso. A quantidade de informações erradas e a presença de conteúdo viral em alguns tweets vêm preocupando analistas de mídias sociais e deixando em alerta quem usa o site como ferramenta de trabalho. Invasões de hackers tornaram-se constantes e revelaram que o site não tem suporte contra esse tipo de ação.

Ferramenta de divulgação de produtos e serviços
Criador de famosos neologismos virtuais (o termo tuitar agora é verbo na internet), o site conta com usuários célebres, entre eles Barack Obama (@barackobama), que usa a rede como elo de ligação com seus eleitores, o jornalista William Bonner (@realwbonner) e o apresentador de TV Luciano Huck (@huckluciano), que foi um dostwitteiros mais influentes no ano passado. O criador do site, Jack Dorsey (@jack), afirmou que as redes sociais possibilitam que o ponto de vista de uma pessoa se torne global, apontando que a tecnologia é tão simples e barata (para ele) "que qualquer um pode acessá-la". Porém, já que há tanta informação disponível, "descobrir o que é mais importante e o que é relevante é um dos maiores desafios da tecnologia".

Postar notícias em circulação na imprensa e posicionar-se contra ou a favor tornou-se prática muito comum entre os twitteiros. O caso mais lembrado aqui no país foi o "forasarney", um movimento organizado por usuários que pedia a saída do então presidente do Senado, José Sarney. Essas rebeliões virtuais são possíveis graças a uma lista chamada Trending Topics, que mostra, em tempo real, os nomes mais postados pelo Twitter em todo o mundo. Fatos importantes acabam caindo ali e mobilizando boa parte dos usuários, que aproveita para expor suas opiniões a quem quiser ler.

As grandes emissoras de TV e algumas revistas e jornais acabaram rendendo-se ao novo formato de circulação de notícias. Quem as segue recebe uma mensagem avisando que uma informação foi incluída, a partir daí sendo direcionado ao site com a notícia completa. Assim faz a BBC Brasil (@bbcbrasil) e a Rede Globo (@g1), entre outras. Instituições de ensino e empresas de médio e grande porte também usam o site como ferramenta de divulgação de produtos e serviços.

Novas tecnologias são como a velocidade da luz
Nas últimas eleições, o Twitter foi bastante visado pelos candidatos, que tiraram a paz dos internautas postando informação publicitária com uma boa (na verdade, bizarra) repercussão entre os usuários. Exemplo disso foi a chamada Mulher Pêra, que concorreu a deputada federal por São Paulo pelo partido PTN (Partido Trabalhista Nacional). Ela mexeu com todos com seu post no site: "@MulherPera_: Tenho certesaque vou se eleger!". Uma certeza não poderia ser mesmo, já que ela teve zero votos. Dilma, Serra e Marina, por sua vez, também mantiveram uma disputa acirrada no site: José Serra tinha mais seguidores que Marina, a qual esteve à frente de Dilma – no Twitter, somente.

Sendo o ser humano social por natureza, as mídias sociais estão aflorando e potencializando essa tendência, reconfigurando a comunicação. Ainda que essa nova maneira de interação seja alvo de críticas, visto que as pessoas vêm se isolando e, aparentemente, trocando a vida real pela virtual, as redes sociais permitem que o indivíduo tenha contato direto com o fluxo incessante de informação, embora isso, por si só, pouco signifique. Em entrevista ao jornal O Globo, o escritor, roteirista, jornalista, dramaturgo e vencedor de um Prêmio Nobel de Literatura José Saramago (falecido em junho de 2010), ao ser perguntado sobre o que achava do fenômeno do Twitter, fez a seguinte afirmação: "Os tais 140 caracteres refletem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido."

Em meio a críticas e elogios, confianças e desconfianças, verdades e mentiras, com conteúdo vasto para todos os gostos, essa revolução na maneira de escrever e comunicar cresce a cada dia e ganha mais amantes apaixonados pela sua versatilidade e rapidez. As novas tecnologias criadas para agilizar a comunicação e a difusão de informações são como a velocidade da luz: voam tão rapidamente que não se percebe seus movimentos. Amanhã ou depois uma nova rede social será criada com menos caracteres, causando fascinação geral entre os internautas. Assim segue o sistema funcionando e reproduzindo-se.

Fonte: Observatório da Imprensa (Valério Cruz Brittos e Francine Bandeira).

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