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8 de julho de 2010

Pesquisadores debatem uso das novas tecnologias para comunicação popular

O segundo dia de atividades do I Seminário Alagoano de Economia Política da Comunicação trouxe  como tema de discussões as possibilidades de a convergência midiática ser utilizada para a produção de conteúdos contra-hegemônicos. Os professores Valério Cruz Brittos, Antônio Freitas e Bruno Lima Rocha facilitaram este painel do evento, realizado no Teatro Linda Mascarenhas na noite de ontem (08).
Líder do grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS/Unisinos-RS), Valério Brittos analisou as polêmicas do tema em pauta através do perfil “Convergência Digital: tecnologia e conteúdos na fase da multiplicidade da oferta”. Segundo ele, o tema apresenta divergências inclusive para os proprietários dos meios de comunicação, que possuem restrições a algumas das novas tecnologias de informação e comunicação criadas, a exemplo da otimização do uso da TV digital.
Brittos destacou ainda que as inovações modificam o aspecto tecno-estético das produções, por mais que sejam utilizadas para benefício do sistema. Porém, cabe a nós, pesquisadores críticos, pensarmos as inovações de uma outra forma. “O que a gente tem que pensar são produções tecno-estéticas alternativas. O desafio é pensarmos que de forma produzir essas mídias mesmo com um grau de controle social muito grande”, afirma.
Dando continuidade às apresentações, o líder do Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão Comunicação Multimídia (Comulti/UFAL), Antônio Freitas, fez um balanço histórico dos gêneros de discurso midiático e suas interfaces produzidas ao longo dos anos.
Freitas comentou que os comunicadores trabalham diretamente com a superestrutura ideológica, entendendo a linguagem como elemento fundamental para atender as necessidades concretas através do mundo simbólico. Assim, segundo ele, “quanto mais capital, mais condições de produção de mercadorias, mais condições de distribuição e maior propagação do discurso”.
Por fim, o cientista político Bruno Lima Rocha, também pertencente ao Grupo CEPOS (Unisinos-RS), apresentou estudos de casos de utilização popular das novas tecnologias da informação, de forma a radicalizar a democracia através da comunicação não-estatal.
Bruno acredita que a comunicação alternativa latino-americana é muitas vezes superior a de países desenvolvidos. Para ele, “estamos sob a ditadura da burrice instrumental, pois o conteúdo é baixo, mas o marketing para este conteúdo é muito bom. É isso que a nossa Academia brasileira repete como teoria”.
O pesquisador gaúcho fez questão de frisar que as novas mídias estão sujeitas às mesmas limitações de mídias tradicionais: “A revolução comunicacional é atravessada por multinacionais”.
SEMINÁRIO CONTINUA HOJE
O I Seminário Alagoano de Economia Política da Comunicação, realização do Núcleo de Crítica à Economia Política da Comunicação do Comulti, prossegue hoje com o perfil “Por uma comunicação contra-hegemônica: história, limites e perspectivas”. O evento é realizado no Teatro Linda Mascarenhas (ao lado do Cepa) e tem início às 19h.

Texto: Anderson Santos (Cepcom-Comulti)

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